Marcelo Cipis Brasil, 1959
Em obras como Homem caindo e 4 pernas, Marcelo Cipis retoma uma de suas investigações mais recorrentes: a figura do corpo reduzida a um vulto, suspenso entre o humor e o absurdo. As silhuetas, isoladas sobre fundos chapados, fundem leveza e estranheza em composições que beiram o surrealismo. Essa tensão entre o reconhecível e o onírico aproxima as imagens de uma iconografia que nos remonta aos cartazes dos filmes noir, como o pôster criado por Saul Bass para Um corpo que cai (1958), de Alfred Hitchcock, em que a figura em queda se torna ícone gráfico e metáfora de vertigem. Em Cipis, o mesmo impulso de síntese e deslocamento se manifesta, revelando uma poética que, entre o riso e o enigma, transforma o corpo em signo e narrativa em suspensão.
EN
In works such as Homem caindo [Falling Man] and 4 pernas [4 Legs], Marcelo Cipis revisits one of his most recurring themes: the figure of the body reduced to a silhouette, suspended between humor and absurdity. The silhouettes, isolated against flat backgrounds, blend lightness and strangeness in compositions that border on surrealism. This tension between the recognizable and the dreamlike brings the images closer to an iconography that takes us back to film noir posters, such as the poster created by Saul Bass for Alfred Hitchcock's Vertigo (1958), in which the falling figure becomes a graphic icon and metaphor for vertigo. In Cipis, the same impulse of synthesis and displacement manifests itself, revealing a poetics that, between laughter and enigma, transforms the body into a sign and narrative in suspension.